APRE

A coerência é o ultimo refúgio dos que têm falta de imaginação. Daí este ser um blog irreverente, implacavelmente iconoclásta, (onde inexplicavelmente só há adjectivos começados por i), mas cuja impunidade fica à curta distância de uma pedrada no charco da indignação...

Thursday, September 01, 2005

O PÉ-FRIO

José Peseiro é aquilo a que os brasileiros chamam um pé-frio. Ele chega, bem-disposto, risonho, repleto de fair-play, mas, na hora da verdade, comporta-se como o Secretário no estágio da selecção.
Nos jogos de recreio, reminiscências da meninice desportiva, Peseiro era seguramente aquele que ninguém queria na equipa. Não necessariamente pela falta de jeito ou talento. Nesse aspecto, ele é igual a muitos. Simplesmente, Peseiro tem a rara qualidade de perder jogos decisivos. Mal cheira a decisão, o homem mete os pés pelas mãos, abre o manual do pequeno cobarde e perde. Perde irremediavelmente. No rosto, preserva aquela imagem de caniche ensopado, muito triste, muito resignado. O azar, o adversário, os elementos físicos. Ó injustiça suprema! A lista de justificações é interminável. Peseiro é o tipo de general que perde as batalhas decisivas. Quando a Armada Invencivel luso-espanhola perdeu contra a frota anglo-holandesa tinha seguramente um antepassado de Peseiro a gerir as operações. E seguramente que, nesse triste dia, também estava vento. Também houve azar (aquela bala de canhão que passou mesmo a rasar o navio-almirante). O adversário tinha-nos estudado bem e teve a estrelinha da sorte. Mas, para a história, o que fica é a derrota da Armada Invencível. Ou de Peseiro.Infelizmente para Peseiro e para o Sporting, o campeonato não se faz só de jogos sem consequências. De vez em quando, é preciso ganhar para passar para a frente. Parece óbvio, hoje, depois dos desaires com o Benfica (para a Taça de Portugal), com o Nacional, Penafiel, Belenenses e Benfica outra vez (para o campeonato do ano passado), com o CSKA (para a Taça UEFA) e com o Nacional e Halmstads (já este ano), que Peseiro nunca será líder do campeonato. Nos dias decisivos, ele treme como gelatina e perde-se em hesitações. Sorri, nervoso, enquanto olha para os jogadores em aquecimento. É lento a tomar opções. Entrega ao sortilégio dos deuses a sua sorte desportiva. E perde, claro.À quinta jornada, tem o Sporting a oportunidade de chicotear valentemente o seu pé-frio e contratar alguém que não trema perante craques como Alexandre Goulart ou Zvirgzdauskas. Desenganem-se os sportinguistas: tudo o que Sporting possa ganhar este ano será sempre apesar de Peseiro.
colocado por Bulhão Pato @ (colaboração semanal do Mãos ao Ar/Apre)