APRE

A coerência é o ultimo refúgio dos que têm falta de imaginação. Daí este ser um blog irreverente, implacavelmente iconoclásta, (onde inexplicavelmente só há adjectivos começados por i), mas cuja impunidade fica à curta distância de uma pedrada no charco da indignação...

Saturday, January 28, 2006

O DERBY - 'SE' VERSUS 'QUANDO'

Tenho um amigo Dinamarquês que nunca diz 'SE'. Durante o Euro 2004, eu dizia-lhe: 'Era bom SE a Dinamarca fosse à final com Portugal'. Ele respondia com indignação algo cómica, num português estrangeirado: 'Não digas SE, diz QUANDO, f*da-SE!'.
Sempre pensei que era uma questão de cultura de povos, mas descobri pelos comentários no Apre, que afinal, os Portugueses dividem-se entre os que dizem SE, e os que dizem QUANDO:

Os que dizem SE, são os adeptos racionais. Nós somos humildes, respeitamos as qualidades do adversário, temos reservas quanto ao resultado de um jogo aleatório, sabemos que pode haver falta de sorte, o relvado pode prejudicar a nossa equipa, as dimensões do campo podem não permitir que a qualidade da nossa equipa prevaleça, pode haver erros do árbitro e dos liners, e há sempre lesionados ou castigados que julgamos fazer imensa falta. Nós dizemos: 'Era bom SE vencêssemos este jogo'.

Os que dizem QUANDO, são os adeptos do clube da Luz. São ultra-confiantes, consideram que o adversário apenas serve para figura de corpo presente, nem que seja à cotovelada e canelada com a complacência do árbitro, escolhido a dedo para o jogo, nos dominados meandros do dirigismo. Sabem que o adversário vai provavelmente jogar sem jogadores fundamentais, minuciosamente impedidos de jogar na jornada anterior por castigo, processos sumaríssimos, ou nos casos mais agudos, 'contratados' com fugas de informação para os jornais na semana anterior ao jogo. Riem-se antecipadamente do regabofe que desejam e sabem que irá acontecer. Eles dizem: 'QUANDO passarem estes abençoados 90 minutos, vamos ter mais uma gloriosa semana com os adversários a espumarem pavlovianamente de raiva!'.
Sabem que com a famosa táctica, o chamado 4-3-3-3, com o trio de arbitragem em destaque, nada lhes poderá correr mal. E só corre mal quando o virus 'Honestidade' infiltra o progama de nomeações. Nesse caso assistimos à chamada verdade desportiva, ou trocando por miúdos: levam uns 3 no bornel!