APRE

A coerência é o ultimo refúgio dos que têm falta de imaginação. Daí este ser um blog irreverente, implacavelmente iconoclásta, (onde inexplicavelmente só há adjectivos começados por i), mas cuja impunidade fica à curta distância de uma pedrada no charco da indignação...

Friday, October 06, 2006

APITO DE LATÃO

Fui surpreendida no passado fim-de-semana pela extraordinária notícia de que os objectos em ouro envolvidos no processo crime conhecido por Apito Dourado, afinal não eram bem ouro. Terá sido extraída certidão para investigação em processo separado.
Quer dizer, não apenas este processo lança sombras sobre os nossos campeonatos de futebol, como também prima pela, já habitual, má gestão da informação por parte dos investigadores, beneficiando ainda da própria imprensa que, mal informada, só lança mais confusão. De facto, assistimos alegremente ao espectáculo da justiça, detenções em directo, vimos os Super Dragões armados em família cigana à porta do Tribunal, vimos gentes de Gondomar nos mesmos propósitos, vimos o Major em roupão. Depois, afinal o relógio que o Pinto da Costa ofereceu ao Major custava 150€ (um relógio duma qualquer comemoração do FCP), o tal jogo suspeito teve um resultado considerado justo, e a arbitragem foi bem classificada até pelo insuspeito 4º Poder. Mais um tiro no pé – nos vários pés, o dos investigadores porque divulgam sem ter o trabalho solidamente alicerçado, o dos jornalistas porque embarcam em qualquer coisa e o dos arguidos, porque mesmo assim, ninguém acredita que sejam santos. Isto eu já sabia e aguentava, com dificuldade, é certo. Agora até o ouro era falso? Pratica-se então o velho aforismo cristão do “ladrão que rouba ladrão”? Credo, somos a chacota da Europa, verdadeiro país de cafres. Nem investigadores, nem jornalistas e, pasme-se, nem vigaristas de jeito temos? Apito de latão? Apito de Latosa? Desculpem-me os leitores este desabafo, mas estou deprimida!